O cenário de violência no Rio de Janeiro atingiu um novo e brutal patamar na noite desta segunda-feira (27). O que deveria ser uma noite comum transformou-se em um palco de guerra com a invasão da Favela da Quitanda por uma megaoperação criminosa que chocou o país e expôs, mais uma vez, as fissuras no modelo de segurança pública.

Cerca de 70 criminosos armados, pertencentes a uma facção rival, romperam as fronteiras invisíveis do controle territorial e invadiram a comunidade. O saldo dessa incursão brutal é devastador:

Enquanto a Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo) estabelece critérios para tipificar atos como terrorismo, algumas autoridades ainda hesitam em enquadrar confrontos de facções, por mais brutais que sejam. O argumento central é que, na maioria das vezes, a motivação principal é o controle de rotas de drogas e pontos de venda (tráfico de drogas) ou a dominação territorial (crime organizado), e não o propósito de “provocar terror social ou generalizado”, “expor a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública” por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito, como prevê a lei.

No entanto, para o cidadão comum da Quitanda, a diferença semântica é irrelevante. O que sentiram foi o medo generalizado, a intimidação sistemática e a ameaça à vida e à paz pública, característicos do terror. O ato, ao expor a falibilidade do Estado e a vulnerabilidade da população, cumpre a função do terror: paralisar pelo medo.

A noite de terror na Favela da Quitanda é um sinal de alerta que o Rio de Janeiro não pode ignorar. É imperativo que a resposta das autoridades esteja à altura da brutalidade do desafio, redefinindo as estratégias para proteger a vida e restaurar a paz em suas comunidades.