O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em uma nova polêmica. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times no domingo (27.set), Trump pagou 750 dólares (R$ 4,171) em impostos federais no ano que foi eleito, em 2016. O dado revela que o líder republicano enfrenta uma situação financeira complicada em suas empresas, usando manobras fiscais para evitar o pagamento de impostos, com suspeitas de conflito de interesses no uso do cargo público para obter vantagens.

A reportagem afirma que no levantamento de declarações fiscais entre 2000 e 2017 do mandatário norte-americano, em pelo menos 10 delas não houve pagamento de impostos, sob a alegação de ter mais perda do que receita, tanto na parte pessoal, como suas empresas. Trump tem um conglomerado que reúne pelo menos 500 empresas com vários negócios diversificados, como campos de golfe, hotéis, incorporação, construção e entretenimento.

Donald Trump conseguiu escapar dos impostos declarando prejuízo. Nos Estados Unidos, é possível conseguir abatimento após declarar perdas financeiras nos impostos de renda. Ele foi o único presidente norte-americano que não abriu as informações fiscais ao público. Este material obtido pelo jornal de Nova Iorque torna-se um conteúdo explosivo que pode afetar a campanha do republicano que disputa a reeleição à presidência contra o rival democrata Joe Biden.

Briga por auditoria se arrasta por 10 anos

Há 10 anos, Trump está em uma secreta batalha judicial contra o IRS, o equivalente à Receita Federal nos Estados Unidos. Em auditoria, ele alega ter direito de ser restituído em 72,9 milhões de dólares (mais de R$ 400 milhões), com juros, após ter grandes perdas. Se ele perder a briga na justiça, terá que desembolsar mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 550 milhões).

Televisão como fonte de renda

Os documentos revelam que o programa The Apprentice (O Aprendiz), reality show em que Trump fazia o papel de líder que avaliava o desempenho dos aspirantes a empresários, conseguiu embolsar 427 milhões de dólares (R$ 2,7 bilhões) rendimentos com licenças e contratos e que todo este montante foi investido em campos de golfe. Ele chegou a usar gastos com cabeleireiros, toalhas de mesa, impostos de uma mansão da família para deduzir com despesas de negócios.

Dados “imprecisos”, diz advogado de Trump

Para proteger os dados, publicação se recusou a entregar os dados para o advogado de Trump, que publicou uma nota em defesa de seu cliente. O advogado das Organizações Trump, Alan Garte, disse que os fatos apurados pelo The New York Times ‘parecem ser imprecisos’.

“Na última década, o presidente Trump pagou dezenas de milhões de dólares em impostos pessoais ao governo federal, incluindo o pagamento de milhões em impostos pessoais desde o anúncio de sua candidatura em 2015”, diz o comunicado que o Times evidencia que a declaração do advogado mistura os impostos federais com os de renda, usando de forma errática o conceito de crédito fiscal.

Pagou menos impostos que colegas bilionários

Os dados mostram também que nos 17 anos de declarações fiscais verificadas, Trump pagou menos impostos em relação aos seus outros colegas ricos e poderosos. Entre 2000 e 2017, ele pagou US$ 1,4 milhão, ou R$ 7,7 milhões, por ano contra US$ 25 milhões anuais (R$ 139 milhões) declarados por outros bilionários norte-americanos.

Situação fiscal mostra conflito de interesses

Nos próximos quatro anos, o presidente terá de honrar 300 milhões de dólares (R$ 1,6 bilhão) sob atribuição pessoal, que estão para vencer. Em 2018, um registro público mostrou que a divulgação da receita de 434 milhões de dólares (R$ 2,4 bilhões), na verdade, escondia um prejuízo de US$ 47,4 milhões (R$ 262 milhões).

Os documentos evidenciam os motivos que Trump não se desligou de seus negócios durante a presidência dos Estados Unidos para poder salvar seus negócios. Foi relatado um grande fluxo de dinheiro vindo de lobistas, empresários e investidores em suas propriedades. Como, por exemplo, o pagamento de 397 mil dólares da Associação Evangélica Billy Graham, para organizar a Cúpula Mundial em Defesa dos Cristãos Perseguidos no hotel em Washington em 2017. Documentos também mostram que Trump, por meio de seu clube de golpe em Miami, conseguiu arrecadar entre 2015 e 2016 pelo menos 7 milhões de dólares do Bank of América.

Os procuradores intimaram Trump a apresentar seus documentos fiscais dos últimos oito anos, pois, há uma ação que investiga o uso de dinheiro não declarado para a campanha de 2016. O The New York Times detalhou que todas as informações foram obtidas de forma legal, podendo comprovar a veracidade dos dados com alguns documentos que já foram expostos recentemente. Os dados de 2018 e 2019 não foram obtidos.

SBT

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