Anunciada nessa terça-feira (11) como candidata a vice-presidente de Joe Biden na corrida pela Presidência dos EUA, a senadora pela Califórnia Kamala Harris culpou o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pelas queimadas na Amazônia em 2019 e afirmou que ele deveria responder pela devastação.
Em sua conta no Twitter, Kamala publicou em três dias diferentes de agosto do ano passado questionamentos sobre a postura de Bolsonaro em relação aos incêndios e defendeu que os Estados Unidos suspendessem negociações de acordos comerciais com o Brasil.
Brazil's President Bolsonaro must answer for this devastation. The Amazon creates over 20% of the world's oxygen and is home to one million Indigenous people.
Any destruction affects us all. pic.twitter.com/rbdtuHMXJ9
— Kamala Harris (@KamalaHarris) August 24, 2019
Nos primeiros oito meses da gestão de Jair Bolsonado, o Brasil havia registrado o maior número de incêndios para o mesmo período desde 2010. Em agosto, o pior mês da década até então, as queimadas na Amazônia tiveram ampla repercussão internacional.
No dia 23 de agosto, Kamala Harris tuitou que Bolsonaro deveria “responder pela devastação”.
Segundo ela, a Amazônia “gera 20% do oxigênio do planeta e é o lar de 1 milhão de indígenas.” “Qualquer destruição afeta a todos nós”, escreveu.
Em 24 de agosto, Kamala insistiu no tema, afirmando que Bolsonaro era similar a Trump e não agia contra garimpeiros e madeireiros que destruíam a terra.
A senadora ligou o assunto à negociação de um acordo comercial que acontecia entre os dois países naquele momento, afirmando que Trump não deveria tratar do tema até que Bolsonaro revertesse “as políticas catastróficas” e lidasse com os incêndios.
“Precisamos da liderança americana para salvar o planeta”, escreveu a senadora.
Três dias depois, em 27 de agosto, ela afirmou que o presidente brasileiro “encorajou ativamente os incêndios e recusou ajuda do G7 para combatê-los”.
Na ocasião, Bolsonaro chamou de esmola a ajuda de US$ 20 milhões de dólares (R$ 108,5 milhões) oferecida pelos países do G7 e anunciada pelo presidente da França, Emmanuel Macron.
Segundo ela, Trump prometeu total apoio ao presidente brasileiro e afirmou que o americano falhou “em um momento que o planeta depende da liderança americana”.
Também em agosto do ano passado, Joe Biden afirmou no Twitter que uma ação global era necessária para impedir a destruição da Amazônia “antes que seja tarde demais”.
A defesa do meio ambiente é uma bandeira fundamental do democrata.
Em seu plano de governo, ele promete investir US$ 2 trilhões (R$ 10,85 trilhões) em um plano ambicioso de combate às mudanças climáticas com projetos de infraestrutura em energia limpa nos setores de transporte, energia e construção civil ao longo de quatro anos.
Segundo Biden, a meta é zerar em 15 anos as emissões de carbono provenientes do setor elétrico no país e gerar empregos na área de energia limpa.
A escolha Kamala Harris para vice na chapa com Joe Biden uniu o perfil de dois grupos de eleitores que serão determinantes na disputa de 3 de novembro: mulheres e negros.
É a primeira vez que uma mulher negra concorre à vice-Presidência nos EUA -e também a primeira vez que uma candidata tem origem indiana.
Aos 55 anos, Kamala é senadora desde 2017, foi procuradora na Califórnia de 2004 a 2011 e concorreu pela nomeação democrata à Presidência dos EUA, inclusive contra Biden, com quem travou um duro embate em junho do ano passado.
Filha de imigrantes divorciados -uma pesquisadora da Índia e um professor da Jamaica, ambos engajados no movimento pelos direitos civis-, Kamala aposta justamente no seu apelo entre progressistas e moderados para tentar catalizar o amplo arco de eleitores de que Biden precisa para vencer Trump.
Em seu primeiro mandato como senadora, é hoje a mais conhecida entre as mulheres negras na política americana -a única no Senado-, com posições críticas ao presidente e bandeiras que vão desde a reforma da polícia até o corte de impostos da classe média.
O Tempo