Em entrevista exclusiva ao Arena SBT, meia-atacante compartilha dificuldades de sua jornada até o topo e a mentalidade vencedora do clube
Desde a base do Santos até os holofotes do Santiago Bernabéu, Rodrygo Goes traçou um caminho repleto de desafios, sacrifícios e, claro, vitórias. Em uma entrevista exclusiva ao Arena SBT, o jovem meia-atacante do Real Madrid ofereceu um vislumbre raro dos bastidores de sua ascensão ao estrelato, destacando não apenas os momentos de glória, mas também as adversidades enfrentadas e sua adaptação ao futebol europeu.
“Parece tudo muito lindo, mas teve toda a dificuldade para chegar até aqui. As pessoas não conseguem ver a dificuldade que a gente passa desde pequeno, ter que ficar longe da família, todas as dificuldades até chegar no profissional”, afirmou Rodrygo.
Antes de se tornar uma das sensações do Real Madrid, o meia-atacante já demonstrava sinais de um talento extraordinário nas categorias de base do Santos, clube renomado por revelar alguns dos maiores talentos do futebol brasileiro, incluindo Pelé e Neymar. Não à toa, Rodrygo carrega o apelido de “raio”.
“Desde moleque, eu sempre tive um certo talento diferente dos outros, então eu sempre fui muito falado desde pequeno, desde a base. E, claro, com o passar dos anos eu fui melhorando, evoluindo, até chegar no profissional”, contou.
Sua rápida ascensão, caracterizada pela estreia no time principal do Santos com apenas 16 anos, culminou em uma consequente chegada precoce ao Real Madrid. Defender a camisa do clube merengue representou não apenas a realização de um sonho, mas também o início de um novo capítulo repleto de desafios: a adaptação ao futebol europeu, o convívio com ídolos que até então via apenas pela televisão ou nos jogos de videogame, e a pressão por resultados imediatos.
“A chegada foi difícil, foi um choque. Eu jogava com os caras no videogame, via eles sempre pela TV, era um mundo muito distante, e do nada eu estava no vestiário com eles, o Zidane era meu treinador. A primeira vez que vi o Zidane foi um choque. E é aquilo, você fica meio que com vergonha no começo, não consegue se soltar, não consegue ser você. Mas eles me receberam bem, me trataram muito bem, me acolheram muito bem, então foi ficando mais fácil para a minha adaptação”, relembrou.
Uma mentalidade de campeão permeia o ambiente do Real Madrid, conforme Rodrygo aponta: “Aqui é ganhar, ganhar e ganhar”. Segundo o brasileiro, o clube espanhol não tem o costume de priorizar competições.
“A gente tem que ganhar tudo e se não ganhar vai ser cobrado, então a gente já tem essa mentalidade aqui, que tudo que entra, entra para ser campeão e, se você ganhou num ano, os torcedores já estão falando em ganhar no ano seguinte”, disse
Ao falar sobre o futuro, Rodrygo demonstra otimismo, especialmente em relação à chegada de Endrick, a nova promessa do clube merengue, reconhecendo o potencial e o inevitável período de adaptação pelo qual todos passam.
“Acredito que ele tenha muita qualidade para ficar com a gente, mas é normal no começo passar por um período de adaptação. Nem todo mundo vai chegar aqui jogando. A gente espera que ele chegue jogando, fazendo gols, mas ele é muito novo, não tem nada de errado se ele passar por esse período de adaptação, é normal e ele vai ver o quanto vai evoluir também”, opinou.
Veja outros trechos da entrevista de Rodrygo:
Brasileiros que ajudaram em sua adaptação no Real
“O que me ajudou muito, além do meu futebol, juntando com o tratamento que recebi de todos, foi o fato de ter brasileiros que facilitaram muito a minha vida: Marcelo, Casemiro, Vini e Militão. Então, eram cinco brasileiros todos os dias juntos e ficava mais fácil do que você chegar num clube novo, em outro país, sem conseguir falar com ninguém. E eu cheguei falando espanhol, porque eu estudei no Brasil antes de vir para cá, o que facilitou minha comunicação com o treinador e com os dirigentes”
Atmosfera diferente na Champions
“O clima para os jogos da Champions é sempre diferente. Aqui a gente nota muito isso. Durante a semana, a imprensa vendo o treino, as notícias que saem, o comportamento do torcedor também muda bastante, porque no Campeonato Espanhol parece, às vezes, que você está em um teatro, o pessoal é mais quieto. Já na Champions a torcida inflama. Então, querendo ou não, é um tipo de jogo que a gente vai mais concentrado, com mais vontade para ganhar”
Gols contra o Manchester City
“Os dois gols contra o City na semifinal (são especiais). A gente estava morto praticamente, e, faltando um minutinho, eu fiz dois gols e esses aí já viraram quadro aqui em casa, são os gols mais especiais da minha carreira”
Reconhecimento no Real
“O pessoal sempre me elogia, porque o pessoal que me acompanhou minha trajetória sabe as dificuldades do começo. São 200 jogos, mas no começo eram jogos que eu jogava um pouquinho, entrava mais no final. Acredito que são números bons, mas eu quero melhorar, quero fazer muito mais. O pessoal elogia, sabe da minha dedicação aqui”
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