O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook nesta quinta-feira (13) e afirmou que “vai pleitear” com o Partido das Trabalhadores (PT) a vaga como candidato à Presidência nas eleições de 2018.
“Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, podem saber que eu estou no jogo. Quero dizer ao meu partido, e eu nunca tinha dito isso antes, que vou pleitear a vaga como candidato à Presidência. Vocês vão ter um pré-candidato com um problema jurídico, mas vou brigar a boa briga democrática nas ruas”, afirmou sob aplausos de seus apoiadores.
O ex-mandatário ainda afirmou que está “tomando vitamina todo dia de manhã, me esperem. Quem tem direito de decretar meu fim é só o povo brasileiro”.
Sobre a condenação, Lula destacou que se sente aliviado “porque conhece o tamanho da mentira que contaram”.
“Eu queria fazer um apelo. Se alguém tiver uma prova contra mim, diga, mande para a justiça, para a imprensa. Eu ficaria mais feliz se me condenassem por uma prova, dissessem ‘tá aqui, você fez um ilícito’. O que me deixa indignado, mas com ternura, é que um grupo que contou uma mentira vai passar a vida toda mentindo”, acrescentou ainda.
“Não é possível que aqueles que prepararam a mentira do golpe contra Dilma e às forças democráticas de 2014 iriam ficar com os braços cruzados esperando as eleições de 2018. Se o Lula pudesse ser candidato o golpe não fechava”, disse ainda o presidente ao se referir ao processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Lula começou seu pronunciamento agradecendo aos seus correligionários e aos representantes de partidos que estavam no local. Brincando com seu público, ele afirmou “me desculpem por não dar coletiva ontem. Eu precisava ver o Corinthians derrotar o Palmeiras”.
Sobre a condenação de nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por conta do pagamento de propina no caso do apartamento tríplex no Guarujá, o ex-mandatário ressaltou que “já previa” a decisão judicial e informou que vai recorrer “em todas as instâncias” sobre o tema.
“Esse processo é um processo que vocês vão perceber que o resultado de ontem, eu já previa. Em outubro do ano passado, eu escrevi um artigo sobre isso”, disse Lula. Ele então começou a ler o artigo, em que acusava membros da justiça e da política de querer acabar “não com o Lula, mas com o projeto que representamos”, disse.
Ironizando as mais de 200 páginas da condenação, o petista destacou que “a sentença é uma peça de estudo profundo de como não se deve fazer um parecer condenatório”.
Afirmando que o juiz Sérgio Moro “passou 60 páginas para se justificar sobre a decisão” e que deu “apenas cinco parágrafos dos 900 para a defesa”, Lula ressaltou que esperava que Moro não aceitasse a denúncia de um homem que mudou de opinião.
Referindo-se ao delator Léo Pinheiro, ele disse que o empresário mudou de opinião para fazer uma delação “dizendo só que o Lula sabia, sem provas” para poder garantir o “uso do dinheiro que alguém roubou para ter uma vida boa”.
No entanto, Lula destacou que é um homem que “acredita nas instituições”.
“Quero uma Polícia Federal forte, quero o Ministério Público forte. Eles são o garante da democracia no país e são o garante para que quem está em um cargo não abuse do poder. Agora, eu sei que se a instituição é forte, as pessoas que trabalham nela tem grandes responsabilidades”, destacou.
Para Lula, quando ele acusa que a PF e o MP usaram uma “denúncia falsa”, ele não está acusando as instituições, mas as pessoas que estão lá.
“Não é possível ter um Estado democrático de direito se a gente não acreditar na justiça. E por essa crença, a justiça não pode mentir e tem que tomar decisão com os autos”, disse Lula referindo-se ao fato de que “toda vez que fui depor, eles já tinham o processo pronto”.
“Obviamente, que o Moro não deve prestar contas para mim, mas sim terá que prestar contas para a história como eu terei que prestar contas para a história”, falou Lula.
Em outro momento bem humorado, Lula afirmou que “Moro tem para comigo o otimismo que nem eu tenho. 19 anos sem poder exercer nenhum cargo. Ou seja, está permitindo que eu possa ser candidato em 2036”.
Ele também citou que terá que pagar R$ 700 mil em multa por causa do tríplex, mas voltou a ressaltar que nunca foi dono do imóvvel. “Agora vou ter que pagar 700 mil porque o apartamento é da União. Eles deviam me dar, então, o imóvel pra mim, eu vendia o apartamento e usava o dinheiro para pagar a multa”, disse.
“A única prova que existe nesse processo é a prova da minha inocência”, acrescentou ao falar que “não há provas” contra ele na condenação do juiz Moro.

Agência Ansa Brasil

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