Percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso bateu recorde
O percentual de famílias brasileiras com dívidas a vencer, seja no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal ou prestação de carro e de casa, cresceu em agosto deste ano, em comparação com o mês anterior e o mesmo período de 2021, de acordo com Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada nesta segunda (5.set) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice ficou em 79% no oitavo mês de 2022, ante 78% de julho e 72,9% de agosto do ano passado.
Ainda no último mês, 29,6% das famílias tinham dívidas ou contas em atraso (alta de 0,6 ponto percentual/p.p. frente a julho e de 4 p.p. em relação a agosto do ano passado, além de maior percentual da série histórica). Dentre esse total de inadimplentes, 10,8% afirmaram que não teriam condições de pagar as pendências atrasadas (alta de 0,1 p.p nas duas comparações).
De acordo com Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela PEIC, “entre o público feminino, o volume de mulheres endividadas aumentou 0,5 p.p. entre julho e agosto; no intervalo de um ano, no entanto, as mulheres contrataram mais dívidas do que os homens, uma vez que a alta do endividamento foi maior para elas”.
A pesquisa mostra também que tanto entre as famílias com rendimento de até 10 salários mínimos como entre aquelas que superam a marca (as duas faixas de renda analisadas) houve crescimento no percentual de endividadas, em comparação com o registrado em março.
No primeiro grupo, foi de 1,1 ponto percentual, e no segundo, de 0,9% p.p. Conforme Izis, “a melhora no mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido os rendimentos das famílias nas faixas mais baixas, mas a inflação em nível ainda elevado desafia o poder de compra desses consumidores”. “O crédito tem sido uma forma importante para eles sustentarem o consumo”.
O levantamento é feito mensalmente desde janeiro de 2010. São ouvidos cerca de 18 mil consumidores, em todas as capitais e no Distrito Federal. Desde maio deste ano, cresce o volume de famílias brasileiras com dívidas a vencer nos carnês e cartões de lojas do varejo.
No mês passado, correspondeu a 19,4% do total de famílias – alta de 0,5 p.p frente a julho e de 1,2 p.p em relação a agosto de 2021. A CNC fala que o crescimento é explicado pela procura pelo crédito direito no varejo por aquelas de menor renda, pois “o endividamento nos carnês para este grupo cresceu 1,8 p.p., alcançando 19,8%”.