Profissionais alegam aumento nos custos; clientes reclamam da demora para conseguir corridas

O número de motoristas de aplicativos caiu quase 12% no Brasil desde 2019, segundo o Instituto de Pesquisa e Ensino Avançado (Ipea). Eles alegam aumento nos custos dos serviços. Com esta queda, a qualidade no atendimento piorou e as reclamações dos passageiros aumentaram.

A espera por um carro de aplicativo virou um problema pra bancária Camila Camargo. No auge do serviço, há dois anos, ela não tinha dificuldades para encontrar um motorista: “agora complicou, né. No começo estava tudo lindo, chegava no trabalho na hora. De um tempo pra cá, já foi 40 minutos esperando um carro, já foi reunião que eu não cheguei, reunião que já comecei a fazer de dentro do carro, aniversário que eu perdi”.

Até então o plano para se deslocar na capital paulista era não ter carro, mas depois de constantes atrasos no trabalho não teve jeito. “No começo do ano, quando comecei a ter muito problema, fui tirar a carta, e agora há uma semana comprei o carro porque não dava mais pra depender de aplicativo”, diz Camila.

O motivo dessa demora tem relação com a queda do número de motoristas de aplicativo no Brasil. De 2019 pra cá, quase 130 mil profissionais abandonaram a profissão. Para muitos, esse tipo de trabalho deixou de ser rentável.

“O motorista tem que ficar escolhendo uma corrida que seja benéfica pra ele, e aí gera outro problema, uma corrida longa na teoria, só que, e o combustível? Muitos motoristas que não tem o kit gás no carro acabam cancelando a corrida também”, afirma Raniel Queiroz. da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp).

O país tem 945.508 motoristas registrados, de acordo com o Ipea, uma queda de 11,8% em relação a 2019. A inflação impactou na manutenção dos veículos e também no preço dos combustíveis no acumulado dos últimos 12 meses. A taxa cobrada dos motoristas pelos aplicativos subiu de 25% para 50%.

“A inflação foi nas alturas, os aplicativos não atualizaram as tarifas, pelo contrário, eles comeram as porcentagens da gente pro lado deles e acaba ficando defasado. Pra poder ter um lucro, o motorista precisa trabalhar 15 horas por dia”, diz Raniel.

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