Imagem divulgada pela Prefeitura de Araporã, em repúdio ao caso. Fonte: Divulgação Prefeitura de Araporã

Um sério caso de racismo chocou os habitantes da cidade de Araporã, que fica a 125km de Uberlândia, próximo da divisa com o estado de Goiás. Duas professoras da rede municipal de ensino foram alvo de preconceito racial por parte de uma mãe, que não concordou com o fato das docentes, que são negras, darem aula para suas filhas.

O caso aconteceu no início deste mês, mas o teor das injúrias raciais foi divulgado apenas na semana passada. Tudo começou quando a mãe enviou áudios, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, para uma antiga professora de uma de suas filhas.

Já descontente com o fato de uma de suas filhas já assistir aula com uma docente negra, ela reprovou a escolha da nova professora, atacando as duas com diversas ofensas raciais.

“Agora é uma tal de Roberta Renout (uma das professoras). Nega feia do beiço revirado. Pra passar batom naquele beiço, gasta uns quatro. (…) Com preto mesmo eu não dou certo, quando chego perto de um ta com subaqueira (sic)”, disse a mãe.

Além disso, em um dos áudios, é possível escutar uma criança, possivelmente uma das filhas da autora das injúrias, dizendo “que chato tia, tudo negra, tudo preta”. A mãe também proferiu ofensas contra a prefeita de Araporã, Renata Borges, culpando-a pela escolha das professoras.

Repercussão e apoio

O conteúdo dos áudios logo foi compartilhado pelas redes sociais, e muitos cidadãos de Araporã e de outros municípios se solidarizaram com as duas professoras. Em uma rede social, muitas pessoas colocaram, em suas fotos de perfil, frases como “Diga não ao preconceito” e “contra o racismo”, e deixaram diversas mensagens de apoio às duas docentes.

A prefeita Renata Borges também se manifestou sobre o caso. “Quero me solidarizar com nossas professoras, que sofreram esse tipo de racismo, preconceito e crime e precisamos realmente assumir posição e punir pessoas que fala o que vem a boca sem respeitar a família e o sentimento das pessoas. Quanto às ofensas que fez à minha pessoa, gostaria que (a autora dos áudios) me respeitasse da mesma forma que eu a respeito. Infelizmente temos dois ouvidos pra escutar tanta bobagem”, disse, em seu perfil em uma rede social.

Investigação

Uma das professoras registrou boletim de ocorrência contra a autora, e o caso já foi encaminhado para a Polícia Civil. As duas docentes já prestaram depoimento no último dia 23.

Já a autora das ofensas prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (28), na cidade de Tupaciguara, a pedido de seu advogado, que temia alguma espécie de linchamento. De acordo com o Delegado Armando Papacídero, responsável pelas investigações, a mulher declarou que os comentários eram apenas “em tom de brincadeira”. Caso seja condenada, ela pode responder pelos crimes de injúria racial e racismo.

“Aguardamos agora só a materialização das provas, a conclusão da perícia e ainda prosseguimos com uma oitiva (depoimento) que ainda resta”, explicou o delegado.

Confira abaixo a nota de repúdio divulgada pela Prefeitura de Araporã em seu site:

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