Em 2022, PL lidera lista de tráfego pago para propaganda política no Google com R$ 801 mil

O Partido Liberal (PL), sigla do presidente Jair Bolsonaro, é líder em gastos com publicidade no YouTube em 2022. Foram R$ 801.500,00 pagos em cerca de 16 anúncios veiculados neste ano. O dobro investido pelo seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), que pagou R$479 mil no impulsionamento de 122 vídeos cadastrados no perfil da sigla e na página oficial da campanha do ex-presidente.

Nos dois casos, o formato é exclusivamente vídeo. A duração varia de 6 segundos a 1 minuto, todos se referindo à trajetória dos candidatos. O PL investiu mais no estado de São Paulo (R$ 105 mil) e o PT, no Rio de Janeiro (R$ 144 mil). Por mais que a disputa esteja concentrada nas regiões Sudeste e Sul, Bolsonaro diversificou os gastos e destinou verbas ao Nordeste e ao Norte do país.

Segundo levantamento do SBT News, o estado de Minas Gerais teve a menor diferença – foram R$ 39.500 do PL contra R$ 59.500 do PT.

Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 10,41% da população apta a votar em 2022. O maior, São Paulo, tem 22,16%. Juntos, os estados abrigam um a cada três votantes do país.

“Laboratório”

O impulsionamento de anúncios políticos no período de pré-campanha também pode ser visto como um “laboratório” para determinar os futuros gastos de maneira mais eficiente. Um dos motivos é que o YouTube – plataforma de vídeos da Google -, bem como o próprio buscador, podem ser acessados sem login.

“Atinge mais gente e obtém mais visualizações. As pessoas passam mais tempo assistindo vídeos do que navegando nas redes sociais”, explica a consultora de marketing político Nathália Mendonça.

Em 2021, o último relatório de notícias digitais da Reuters Institute apontou que o YouTube é a terceira rede social mais usada no Brasil para compartilhar notícias e informação. A plataforma está atrás do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp e do Facebook, ambas da Meta. O serviço de vídeos sob demanda é a principal fonte de notícias para 39% dos entrevistados e a mais procurada para outros assuntos entre 77% do público pesquisado.

Como funciona?

A plataforma de publicidade online da Google vende anúncios que remetem ao site ou perfil em redes sociais do cliente. Por meio do aplicativo, anunciantes são exibidos como links patrocinados no topo dos resultados do buscador da empresa.

Os usuários do YouTube, principal alvo das propagandas políticas do Brasil, enfrentam um outro tipo de merchandising. Vídeos publicitários obrigatórios, de 6 a 30 segundos, antes de qualquer reprodução oriunda de uma pesquisa no site.

“O YouTube mescla os dois tipos de de consumo de conteúdo digital, o de intenção e o de atenção”, explica a consultora digital Natália Mendonça. “Porque tem gente que deixa uma música rolando, e aí o anúncio interrompe o player [mídia de atenção]. Como também tem muita gente que usa o YouTube como um buscador, põe lá um tutorial de como trocar lâmpada por exemplo. Isso é a mídia de a de intenção.”

Para aprimorar a qualidade dos anúncios, a Google publicou um extenso documento com as diretrizes para realização de propaganda eleitoral durante as eleições de 2022. A empresa afirma que a intenção das novas diretrizes é permitir uma participação social mais informada durante o período eleitoral.

A plataforma adota uma nova definição de publicidade eleitoral que vai além das propagandas eleitorais previstas na legislação brasileira. Agora, o Google inclui como publicidade política todo e qualquer anúncio que mencione candidatos a cargos federais, partidos políticos e governantes eleitos, mesmo sem a presença do pedido de voto.

Justiça Eleitoral

Segundo a resolução nº 23.671, de 14 de dezembro de 2021, o impulsionamento de conteúdo político-eleitoral, nos termos como permitido na campanha também será permitido durante a pré-campanha, desde que não haja pedido explícito de votos e que seja respeitada a moderação de gastos.

A legislação eleitoral veda a “divulgação ou compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral”. O envio de mensagens instantâneas em massa, assim como telemarketing, sem a autorização prévia do destinatário, também é proibido.

 

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